8 de dezembro de 2009 | By: Rita Seda Pinto

Diante do presépio


Neste tempo em que tudo sugere Natal para nós que cremos, estou postando umas considerações sobre o presépio. Depois de ler coloque as suas também... Obrigada! 

Diante do presépio


Rita Seda



De quê fala o presépio para você?

Se pudéssemos assentar e conversar, quantas imagens diferentes, porém todas igualmente belas, brotariam...

Uns falariam do Menino Deus que veio ao mundo para nos salvar.

Outros lembrariam a enormidade do amor de Deus ao enviar seu filho ao mundo (Jo3,16 ), em missão tão grandiosa, mas que começa com tamanha singeleza... Cá pra nós, não poderia ter passado menos provações? Até o verso mais conhecido e cantado no natal, diz: “pobrezinho nasceu em Belém”.

São Francisco de Assis, na Itália, entre as montanhas de Greccio, no ano de 1223, por muito amar “o amor que não é amado”, num feliz arroubo, realizou com figuras reais, a primeira representação do presépio. Uma gruta ornamentada com palha, feno, ervas e plantas, iluminada com candeias de azeite, serviu para lembrar a bíblica lapa de Belém. Naquele local, à meia noite, iluminados por tochas, os camponeses participaram da Santa Missa de Natal, com homilia do “poverello” (assim se denominava Frei Francisco: “o pobrezinho”...).Dizem que pela sua santidade, veio o Menino colocar-se em seu colo à meia noite. Que presente! Um jumento e um boi, animais que, com seu bafo aqueceram Jesus, estavam presentes. Segundo o profeta Isaias esses animais definem a indiferença dos homens perante o acontecimento divino. O presépio de São Francisco passou a outras regiões da Itália e espalhou-se pelo mundo.

Outros lembrariam com carinho a Virgem Maria, agraciada com a sublime e terna missão de trazer ao mundo e cuidar do Salvador. E os anjos, essas figuras celestes que vieram dar a notícia aos pastores e dar glórias ao Senhor? São José, os Reis Magos, são parte integrante e bastante importantes na lapinha...

Quanto e que maravilhas teríamos a refletir!

Mas, eu vou lhes confessar: o verdadeiro sentido do presépio, custou a me alcançar. Quando menina, havia o sagrado costume de visitar sete presépios, em sete diferentes casas, rezar e depositar uma ou duas moedinhas. E era inevitável que se comparasse uns com os outros... Aquele tem uma relva de um verde tão brilhante,nem parece arroz, plantado há poucos dias! Aquele outro tem um lago feito de espelho, com dona pata e os patinhos de celuloide, tão perfeitos que parecem de verdade! E aquele que tem monjolo movido a água, de verdade? Viram o galo em cima da gruta? Por que será o galo? _Bem, vamos indagar! E por sobre as raspas de madeira, as barbas de pau, serpenteavam os caminhos por onde, no dia 6 de janeiro, chegariam os três reis. Achavam-se cada dia mais perto do Menino, pelas mãos espertas das mamães...Os carneirinhos pastavam por toda a área, sempre acompanhados dos pastores. Meus olhos se entretinham mais com o pastor que tocava a flauta. Parecia ouvir a melodia!

Não sei quanto tempo durou o fascínio. Naquele tempo imaginava que o povo mau não recebera Jesus Menino; me indignava! mas como era romântico! Se não fosse assim, como teríamos o presépio?

Também nem sei quando é que percebi o verdadeiro sentido do presépio. Quando é que a pobreza que eu ali chorava se transformou em lição de simplicidade. Em manifestação da sua cumplicidade com os humildes da terra, que, às vezes, só após nascidos, ganham por caridade, um modesto enxovalzinho da dona Maria, que por sua vez, arrecada com as colegas as peças

umas novas, outras usadas e as vai doando aos recem-nascidos Jesuscristinhos. Por que mãe pobre tem tantos filhos?

Sei não, mas muitas vezes acho que esse menininho sabido, quer é começar a salvar o povo a partir da lapinha, de onde apela por um leito fofo em cada coração! Já pensamos nisso?