15 de dezembro de 2009 | By: Rita Seda Pinto

Fim de ano (Ivon na administração do Hospital)

Às vezes recebemos missões com as quais nunca teríamos pensado. Mas elas vem e vem para ficar. Mesmo  repugnando, temos que engolir o "boi com chifre e tudo". Deus facilita tudo, quando demonstramos um mínimo de boa vontade...


Fim de ano


Rita Seda



-Bença, mãe!

-Deus te abençoe, minha filha!

-Como estão em casa?

-Tudo bem, estou aqui sozinha...

-Onde foi o papai?

-No hospital.

Num grito abafado:

-Que é que houve com ele, mãe?

-Você se esqueceu? Ele está trabalhando lá.

- Ah! Que lerda que sou, mas a preocupação com vocês é tanta que levei um susto!

Assim, aos poucos os filhos e netos foram se acostumando à idéia de Ivon estar, interinamente, administrando o Hospital Antônio Moreira da Costa. Em seu aniversário, dia 14, já ligaram diretamente para o celular. Eu é que ainda não me acostumei. Pudera! Já passei a fase de ter que esperar marido para as refeições, lanches, Missas, saídas juntos, compras, etc. Por outro lado, sei que ele está fazendo um trabalho voluntário importante para nossa cidade. E, também, que ele não pode negar a sua colaboração a essa equipe que está tentando colocar nosso hospital nos trilhos. Seria impossível se ausentar num momento em que todos contam com todos. Equipe coesa que poderíamos chamar de turma do bem. Estão de parabéns! Todos visando um só ideal: colocar em funcionamento ideal o nosso Hospital. É hora de sacrifício para todos os envolvidos. E esposa é para todas as horas, foi isso que prometemos há 50 anos. Então, caminhamos juntos em mais essa empreitada da vida.

Os sacrifícios acontecem para purificar-nos. Para testarmos se temos fibra. E que tiremos proveito das potencialidades com que Deus nos dotou. Ivon recebeu, neste começo de ano, precisamente no dia 5 de fevereiro, a graça da chance para viver mais um pouco. Agora, no fim do ano, ele recebeu uma missão que consiste em se doar, doar um pouco do excedente em vida que Deus lhe concedeu. E com aquele seu modo, que todos conhecem, ele tem atendido as pessoas com um pouco do desvelo com que também foi atendido em sua doença. Já lhe falei que ele tem feito, no trabalho de agora, papel de sacerdote, psicólogo, pai, filho e amigo.

Está fazendo a sua parte no contexto atual do problema. Nós, a família, apoiamos.

Muitos não compreenderão e farão críticas. Isso não importa. E Ivon nem espera reconhecimento. Ninguém precisa ser reconhecido por fazer as coisas certas por amor a Deus. Assim, podemos saborear a espera daquele que vai chegar no Natal outra vez, na figura de uma criança, mas que já está aí, em cada ser humano. Neste fim de ano, especialmente nos doentes que buscam o socorro e todos os que fazem parte do nosso Hospital.

Feliz Natal, meus queridos leitores, meus amigos, minha gente!

E um Ano Novo com um Hospital restaurado, para melhor atender.



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