6 de novembro de 2010 | By: Rita Seda Pinto

Magnólia na minha vida

Magnólia

Rita Seda



Na minha juventude usei um perfume chamado White Magnólia. Deliciosa fragrância. Não deixava acabar um frasco, já comprava outro. O primeiro eu havia ganho de uma irmã bem mais velha que eu, era alérgica a ele...Que bom! Assim eu pude desfrutar dessa maravilha em gotas! Infelizmente desapareceu do mercado. Nem tudo que é bom dura para sempre...

Talvez seja por essa razão que eu goste tanto da árvore magnólia. Suas flores crescem em cachos sobre a copa da árvore. Fazem uma cobertura linda e perfumada. Mas são muito frágeis. De um dia para outro o chão fica forrado de belas flores e que não murcham tão rapidamente quanto caem... Mariana, minha neta caçula, quando mais nova, juntava as flores em pequenos arranjos e dava de presente à mãe. Carinho especial! E se havia marias-sem-vergonha com sementes corria a chamar sua mãe para com ela estourá-las. Mas a florada não é rápida, como a do ipê, por exemplo. Continua por bom tempo. Seus galhos são frágeis e se quebram à toa. Se algum quebra e cai num chão com terra, e o deixamos ali, logo cria raízes e dá flores, ali mesmo, deitado! Não tem exigência essa bela árvore de copa arredondada como a metade de uma melancia...

Sendo assim, sempre tenho ótimas mudas para doar a quem me pede, o que faço com muita alegria. Ajuda a enfeitar o planeta...

Existem espécimes que dão flores de diversas cores. Rosa claro, vermelha, amarelinha... Todas têm o seu charme, o seu encanto.

Gosto de ver a do meu quintal do alto da janela do vizinho, quando está florida... Obra de graça e encantamento que só a mãe natureza é capaz de fazer!

Acontece nas melhores famílias...

Acontece...nas melhores e piores famílias

Rita Seda



Conceição foi uma cozinheira de mão cheia. Seu trabalho era exclusivo na casa de seus ricos patrões. Fazer os quitutes mais saborosos para regalo da família. E ela era exímia. A patroa não abria mão de sua empregada mais importante. Todo dia era dia de festa. As refeições tinham cardápio diferente a cada dia. Salgados e doces. Se num dia comia-se strogonof de frango, no outro já vinha o bife à parmegiana, no seguinte já era cordeiro assado... E como bons mineiros, a base não podia deixar de ser arroz, feijão, legumes, saladas, batatas fritas, bolinhos variados. Sobremesa não podia faltar. Pudins e tortas eram feitas diariamente, além dos doces em calda e das ambrosias... As mãos da Conceição eram de ouro e ouro se gastava na compra de tantos ingredientes nobres. Estava familiarizada com todo tipo de novidade que a indústria colocava no mercado, por mais sofisticadas que fossem. Para ela tudo era fichinha! Tinha seus filhos, seu esposo, sua casa. De manhã deixava o almoço pronto para que eles aquecessem no velho fogão de lenha...Arroz de terceira, feijão, angu, chuchu ao molho...Quando voltava, após o jantar, fazia uma sopinha. Certo dia chegou às nove horas.O esposo, com fome, havia feito a sopa, mas queria comer junto com ela. Afinal, ele ia exibir sua façanha. Quando contou à Conceição que havia colocado legumes da horta na sopa, macarrão e até caldo de galinha, ela ficou cabreira. Caldo de galinha em casa de pobre? Onde já se viu? –Ora, mulher, estava na prateleira e eu coloquei, inteirinho! –Ah! Totonho, já sei o que você fez... A sopa não ficou azul? –É...Não ficou igual às suas, amarelinhas! Mas até que ficou bonita, vem ver.-Meu Deus, você acabou com o meu macarrão e o anil de enxaguar a roupa, Totonho! O jeito é comer pão duro que eu trouxe da casa da patroa para não dormir com fome!