30 de março de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Árvore no meio da rua





Dia destes, pela Internet, recebi fotos e frases de Portugal, com a intenção de provocar risos e caçoadas. Entre as fotos, uma que poderia se dizer que é de nossa terra, feita em uma da nossas ruas... Lembrei-me do carinho de nossos concidadãos pela “sua” árvore e resolvi prestar uma homenagem a ela e a eles...Na terra das Sapucaias há uma peculiaridade vegetal no mínimo curiosa: uma grande árvore no meio da Rua João Renó. Bem em frente da casa que Tonhão construiu e viveu muitos anos. A rua não é larga, é comum como quase todas as ruas da cidade. Ao passar por ela, de carro, só cabe um de cada lado da tal árvore. Tonhão, contou-me que ali era um local cheio de vegetação. A rua foi espichando para abrigar mais casas e a vegetação foi sendo sacrificada. Mas era tão linda aquela árvore que as serras não ousaram tocá-la. A rua continuou seu itinerário rumo ao desenvolvimento, casas e mais casas construídas. Veio o calçamento, foram construídas calçadas para os pedestres, mas a árvore permaneceu firme onde nascera. Foi feita uma proteção em volta de seu tronco e plantadas flores. Contou-me que já foram celebradas missas sob sua copa, celebrando algum fato notável para a vizinhança, o que aumentou ainda mais sua importância para eles. Claro que já houve o perigo de cortá-la. O ato só não foi consumado porque os moradores se opuseram com forte clamor. Ela faz parte da paisagem. Ela tem vida e dá vida, em forma de beleza, oxigênio, sombra e companhia. É reconhecida, admirada e amada não só pelos vizinhos, pássaros e borboletas, pelos habitantes da comprida rua, mas também pela maioria dos cidadãos, que quando se referem a algum morador ou loja daquela rua, vão logo dizendo:-É antes (ou depois) da Árvore! Ou ainda:- Fica pertinho da Árvore! É dignificante observar tanto amor a uma árvore, respeitada, embora esteja fincada no meio de uma via pública, quando tantos sacrificam outras, em locais onde não atrapalham em nada o cidadão. Mas acontece. Certa vez uma empreiteira que trabalhava para a companhia energética, com a desculpa dos galhos estarem quase atingindo os fios de eletricidade, sem nos comunicarem, invadiram nossa chácara e cortaram nossos ipês novinhos, os da beira da cerca, onde havia o perigo de atrapalhar a rede. Não satisfeitos, cortaram outras árvores, que nada atrapalhariam. Bem, as árvores tinham sido plantadas antes dos fios. Como poderíamos adivinhar que colocariam os postes do nosso lado? E não tinham obrigação de antes, falar conosco? Nessa gracinha cortaram um pé de ipê branco que eu nunca mais consegui muda. Coisa da vida! Tiramos fotos, demos queixa à companhia eletrificadora, que, é claro, eximiu-se de culpa e culpou a empresa contratada por ela. Em cidades grandes e capitais tenho visto árvores debaixo da fiação elétrica, podadas para não tocarem os fios. São verificadas de tempos em tempos. Atitude corretíssima. A árvore não raciocina. Se ela causa acidente é por culpa de quem tem a responsabilidade de cuidar. Lembro-me que cantávamos no primário: -Salve ó árvore bendita, que dás fruto, aroma e cor... Parabéns, moradores da Rua João Renó por seu respeito `a natureza! E parabéns a Portugal, não sei se seguiu o exemplo ou se o deu aos nossos conterrâneos, mas que é lindo, garanto que é!

1 comentários:

Leticia Seda disse...

Hoje em dia as pessoas estão aprendendo a conservar e cuidar da natureza, mas isso não era moda no inicio da construção desta rua.
Os moradores de lá já visualizavam uma época em que cuidar da natureza seria nossa maior esperança para um mundo mais sadio.
bj

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