21 de junho de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Carinho...para alguém muito especial!

Carinho
Rita Seda

Todos os netos são igualmente queridos, não há dúvida! Cada um tem sua peculiaridade, mas para a avó, todos têm o mesmo espaço no coração. A gente chora a mesma lágrima de saudade, canta a mesma cantiga quando sabe que algum está para chegar e quando chega, é aquele alvoroço gostoso. Claro que tem algumas diferenças. Principalmente ao se preparar um lanche ou uma refeição. Igualzinho acontece com os filhos. Enquanto ainda não nos atacou a famosa doença de nome alemão, a gente se lembra com carinho da preferência de cada um. E enquanto pode, vai fazendo, para o regalo deles e satisfação da gente. Escrevi tudo isso para ninguém dizer que eu tenho preferências!!! É que hoje, procurando algo, encontrei uma folha de papel escrita por uma neta. Parei com tudo e fui namorar aquela página de um caderno escolar, que mexeu profundamente com o meu interior. Ela era uma adolescente, hoje é casada, mora longe, tem um filhinho lindo, que mata de saudade a bisa... Tem um trecho em prosa e outro, em quadras. Acredito que, sem vê-lo ela nem se lembrará mais do que escreveu. Mas tudo o que ela quis dizer na oportunidade, era uma mistura de seriedade e romantismo, de sonho e ambição,decidida a fazer algo para alertar as humanidade quanto às péssimas condições de vida no planeta. Fico emocionada com suas idéias, e vou me lembrando de outras que ela não só escreveu, mas pôs em prática. Nessa mesma fase, a adolescência, vivendo-a de modo normal como todas as outras jovens, ótima estudante, querendo aprender de tudo, desde comidas japonesas a bijuterias, muito esperta para ajudar nos afazeres domésticos, coroinha na paróquia que freqüentava, queria influenciar a prefeitura a adotar a coleta seletiva do lixo. Morava em Varginha. Contatou as rádios, jornais, convocou os colegas, entrevistou o prefeito... A idéia era muito boa, mas naquele momento não se concretizou. Ficou em mim a lembrança de uma garota inteligente, audaciosa, com idéias avançadas e vontade de melhorar o planeta para que houvesse condições mais favoráveis de vida...

Estudou, trabalhou, ainda trabalha e é funcionária eficiente. Menina de valor, hoje mulher-mãe realizada, sem deixar de lado seu lado romântico e amoroso, que de tantos beijos no avô chegava a lambê-lo no rosto... A vida separa a gente das pessoas amadas. Temos hoje contatos tecnológicos que quebram o galho e a saudade! Mas uma folha de papel, escrita e esquecida numa gaveta, sem pretensão nenhuma, torna-se um veículo que comunica diretamente ao coração de uma avó, roído de saudade!
Quem advinha quem é?

As propagandas em nossa vida

As propagandas em nossa vida
Rita Seda

Mesmo que não se dê muita atenção, a propaganda nos alcança em algum momento. Nas crianças e adolescentes, ainda em formação para distinguir verdades das ilusões, provoca grandes estragos. E não precisa ser tão explícita como aquela em que um rapaz, vendo passar um “carrão”, despeja gasolina no seu e o incendeia. Essa, em particular, tem respeito com a humanidade? Ensina algo? Na minha opinião ela anula o sentido da ética. As propagandas estão ficando cada vez mais agressivas e audaciosas. Como proibir que jovens adolescentes consumam bebidas alcoólicas, se as bebidas são mostradas como sonho de consumo, supra sumo, por assim dizer, e cada vez maiores? Tudo terminando em ão... E apresentando belas mulheres num claro apelo ao sexo. Quem vai querer beber pouco, então? E para quê bafômetro, se a propaganda faz o povo beber cada vez mais? E faz o teste quem quer? Camufladas nas novelas, faz-se propaganda de tudo. E se introduz modas e comportamentos. Quem pagar para sua criação aparecer na novela, seja em roupa, cabelo, esmalte, bijuteria, música, etc, é um novo rico na certa! O consumo é certo. Desse modo as roupas foram diminuindo de tamanho, na parte superior e inferior, e os pais não têm mais autoridade para evitar que as garotas não imitem os artistas. Estão à mostra nas vitrines, na TV, na Internet. Quem consegue impedi-las de bater o pé, fazer birra e acabar vencendo? Com a vida ausente dos pais, que trabalham justamente para que os filhos tenham uma vida “melhor”, acabam ganhando o que querem até sem muita exigência, afinal, a coleguinha já está usando!!!Minha filha não pode ficar para trás! E não podemos dizer que só acontece com o público feminino. Os rapazes estão soltos para fazer tatuagens, usar piercing e adotar penteado dos famosos jogadores de futebol, por mais estranhos que sejam. Se a tatuagem é tão inofensiva, como dizem alguns, porque o tatuado não pode doar sangue?Acabaram-se os limites em nossa sociedade? Ou eu estou muito careta? Graças a Deus, não! Ainda vejo muitos jovens estudando e se formando com seriedade. Conheci dias atrás um jovem de 15 anos, que sem ser um gênio, toca violino maravilhosamente, estudando três horas por dia e fazendo seu curso de segundo grau. Dá duro, mas tem expectativa de futuro. Sabe o que quer e se esforça para vencer. Pena que houve a inversão: outrora eram poucos os censuráveis, hoje, são poucos os elogiáveis...
1 de junho de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Festa marcante para a Paróquia e para a família

Festa marcante para a Igreja e para a família

Rita Seda

Era o ano de 1957. Quinto centenário de Santa Rita de Cássia. Padre José Carneiro Pinto, era o nosso pároco. No vigor de sua mocidade realizou grandes mudanças na paróquia, e nesse ano, na festa. Os festeiros foram Dona Sinhá Moreira e o casal Maristela e Nazareno Renó. Foi uma festa para marcar época. Lembro-me de detalhes interessantes, como os pagens, as Ritinhas, uma nova versão da novena, um bazar montado onde hoje é a loja Schmidt, a coroação do dia 22 por duas Ritas, já idosas. Nesse mesmo ano chegou de Cássia, a imagem de Santa Rita, que se encontra em sua capela, numa urna que é fac-símile da original. Benditas as mãos do artista Sr.Joaninho Constanti, responsável pela sua confecção. No dia 13, primeiro dia da novena, no começo da tarde, uma grande e piedosa procissão levou o Santo Cruzeiro para o lugar onde até hoje se encontra. Tornou-se por algum tempo o “dono do morro”. Atração, à frente de uma enorme paineira. Não havia estrada, foi aberta especialmente. Homens se revezavam para carregar a cruz e o povo recebeu de presente a miniatura do cruzeiro e uma imagem de Santa Rita de Cássia. Ainda tenho a minha! A procissão ia subindo o morro, um enorme cafezal, rezando e cantando. Fogos espoucavam, a banda tocava e eu ouvia tudo... do Hospital Antônio Moreira da Costa. Minha mãe fora operada naquela manhã, com sério risco, pela equipe do Dr.Gabriel Meireles de Miranda, de Pouso Alegre. Gemia de dores, ligada a um tubo de oxigênio. Quando podia, ela dizia:”-Estou queimando! Me acudam!” E tentava levantar as pernas, coisa que meus irmãos impediam forçando seus joelhos. Pobre mãe! Em sua bondade extrema as enfermeiras e religiosas de plantão, para aquecê-la, pois a pressão abaixara muito, colocaram-na sobre bolsas de água fervendo. Quando foram trocar as bolsas, num outro ato de atenção, saíram peles e carnes das suas pernas e cochas, grudadas nas bolsas... Levou um ano para cicatrizar as queimaduras. Andar foi um milagre, pois os tendões ficaram seriamente danificados. Lutadora como era, conseguiu! Ao se sentir perfeita outra vez foi agradecer Nossa Senhora Aparecida com os familiares e amigos. Condução grátis para todos, num caminhão do Rodoviário São Cristóvão, de propriedade de seus filhos e que tinham costume de fazer esse tipo de transporte. Era assim: adaptavam bancos na carroceria e faziam uma cobertura de lona. E dá-lhe poeira pelas estradas sem asfalto! Hoje, mal se vê o Santo Cruzeiro, em meio às antenas que foram lhe fazer companhia...Mas eu o vejo, da minha janela e me perco em recordações.