31 de agosto de 2011 | By: Rita Seda Pinto

O baile das borboletas













O baile das borboletas
Rita Seda

Para onde estás indo
Minha amiga borboleta?
Assim, vestida de gala,
Com enfeites violeta?

Voando vou para a gruta
De Nossa Senhora das Graças...
Começou a grande festa
De irmãs de todas raças!

E porque tem festa lá?
Venha comigo e vais ver...
Milhares de margaridas
Abriram ao amanhecer!

Estão enfeitando a gruta
Pra alegrar a Senhora.
Abelhas, besouros, joaninhas
Estão lá, já fazem horas...

Que estão eles fazendo
Desde já neste momento?
Eles estão entretidos
Afinando os instrumentos.

Entre nuvens de flores
Brancas e amarelas
Nós faremos nosso baile
Como faz qualquer donzela.

Ó perfumadas e lindas,
ó cálidas margaridas,
dá-nos festa para a alma
e alimento para a vida...

Deus as colocou na terra
Como presente de amor.
-Bailamos, sugando o mel
Voando de flor em flor.

São tufos de margaridas...
Miríades de joias aladas...
Tudo passa tão depressa,
Amanhã, seremos nada!

O que temos a fazer
É bailar, minha querida,
Curtir a felicidade
Que Deus põe em nossa vida!
27 de agosto de 2011 | By: Rita Seda Pinto

Lição das Margaridas









Lição das Margaridas
Rita Seda

Vivo perseguindo novas plantas... Não precisam ser raras nem tão belas, minha curiosidade é aguçada sempre que conheço alguma. No ano passado plantei algumas mudas de margaridas brancas e outras amarelas, de árvore. Este ano já floresceram em maio e eu pude observá-las de perto. As brancas florescem em grandes cachos, nas pontas dos galhos, que chegam aos três metros. Muito perfumadas, atraem insetos simplesinhos, e lindas borboletas das mais variadas raças e cores. Fazem um animado baile em torno das margaridas, ao som, quem sabe, dos besouros, grilos e gafanhotos que também correram para lá! Além dos passarinhos, é claro!
Já as amarelas são maiores, se não fosse o tamanho do miolo, poderiam ser confundidas com girassóis. Diferem das brancas por não florirem em quantidade num mesmo galho. Caules mais finos desde o solo, na ponta, aquela flor dourada, duradoura. Não vi muitos insetos em seu redor. Nem perfume. E duram muito mais que as brancas...
Fiquei pensando: com as plantas muitas vezes acontece como em nossa sociedade. Variedade de aspectos, mas a mesma beleza vinda de Deus. Certamente as duas margaridas devem ter a sua utilidade, que eu até agora ignoro. Conosco, ouso dizer, que cada qual, independente de cor, raça, tamanho e atrativos, todos temos algum dom especial. O mais bacana, a meu ver, é o dom do amor, da solicitude, da acolhida uns aos outros, neste mundo tão egoísta em que vivemos. Nosso dever é imitar as margaridas brancas, que se desdobram em grandes cachos, proporcionando néctar e perfume aos insetos e beleza aos olhares humanos. Mas acho que em muitos momentos devemos ser iguais às amarelas, quietas, meditativas, ensinando-nos que a solidão não é castigo, é um meio de falar com Deus sem intervenção alheia... Pareceram-me monges, silenciosos, isolados uns dos outros, falando com o Altíssimo Bom Senhor, como aprenderam do Pobrezinho de Assis...

Cara amiga Cida


Cara amiga Cida

Eu já vi muitas coisas acontecerem por aí...
Já tive amigas casadas que saíram para fazer rápida viagem e quando voltaram, abrindo a porta de casa constataram que estavam viúvas.
Vi também amigas que sonhavam com o dia em que estariam viúvas para curtir a vida que nunca curtiram, pois eram surradas, não passavam de criadas, eram traídas em seu matrimônio, viviam praticamente escravizadas. Uma delas tinha um sonho: fazer mil leituras nas Missas. Após a partida de seu algoz, conseguiu (décadas de 70, 80...). Morreu feliz.
Vi uma, morrer de amor, por um esposo que a traiu, humilhou diante de seus dois filhos adolescentes e da amante. O coração, embora jovem, não resistiu!
Vi, também, casais que se amaram, respeitaram, e Deus os conservou em sua graça.
Mas hoje é dia de falar da dedicação, amor e respeito de um casal com quem convivi e a quem muito devo. Casal este que converteu-se num só ser, pelo próprio amor. Suave, simples, admirável. Deus os contemplou com três filhas maravilhosas e dois genros-filhos que fazem jus à família que os adotou. Difícil nos tempos de hoje ver uma família assim, cujas raízes estão plantadas em chão divino. Construiu sua casa em bases sólidas e deu frutos. Sua fronde abriga familiares e amigos com a mesma dedicação que abriga as filhas. A impressão é que o casal vivia preso um ao outro por invisíveis linhas de ouro puro, que maleável, dava-lhes liberdade para ir onde preciso fosse, mas um fluido de confiança-carinho-dependência perpassava entre os dois. Assim, aquele medo de que um dos dois sofresse pela ausência do outro nunca existiu entre eles, mesmo no momento crucial da separação, da qual ninguém escapa, estavam só os dois numa presença de amor,enlaçados, sem se tocarem! O melhor dele, o Amor, continua vivo em teu coração. Ele voou para mais alto, libertou-se, aliviou-se do processo doloroso em que vivia para alcançar a plenitude. Deus tornou-te responsável na vida conjugal por um ser humano, que por tanto afeto, continua vivendo...em ti!
Quem sempre caminhou nos passos de Jesus entrou inteiro, num ápice de segundo, para o Sagrado Coração de Jesus. Só resta agradecer a grande graça concedida a quem o amou, respeitou, foi seu braço forte e o viu partir para Aquele que tanto serviram juntos.
Não pode existir maior felicidade.
Amor...Paz... Serenidade... Exemplo para o mundo!
Amo e admiro tua família. Deus foi pródigo de dons para todos e cada um.
Beijos, Rita e Ivon

Doces reminiscências






Doces reminiscências
Rita Seda

Sabe quando, inesperadamente, você vê algo que foi importante em sua vida, não importa o tempo, que não saiu de sua memória e que lhe tira o fôlego, fazendo vibrar as cordas mais sensíveis de sua emoção?Aconteceu comigo, numa visita que fiz ao Seminário de Pouso Alegre. Em cima de uma mesa vi um melão incomum. Mais parece uma bexiga de mortadela. Dá para enganar quem não conhece... Há quanto tempo não via um! Aquela imagem comprida, gordinha e vermelha, alem do perfume inconfundível, levou-me ao passado. Era uma das plantações do meu pai. Lembro-me bem, uma planta trepadeira como um maracujá ou um chuchu, que, certa vez, subiu até o telhado do armazém da empresa de transportes dos meus irmãos, ali onde ficava a horta da minha mãe e a mangueira que foi cortada no dia do meu casamento... Essa mangueira marcou um dia muito feliz na minha vida. Os melões eram vistos de longe, esparramados sobre o telhado, seguros por talos grossos. Bela visão!Já que ganhei o melão vou tentar cultivar a espécie. Será tão gratificante para meus olhos como está sendo para minha alma. E dessa maneira meus filhos poderão perpetuar a espécie quando eu não estiver mais aqui... Poderão saborear sua polpa suculenta ou fazer delicioso doce rosado que tantas vezes devorei! Minha filosofia de vida é resguardar do esquecimento as coisas boas da vida. Eta melão gostoso!Transportou-me pelos meandros da memória a um passado tão gostoso quanto...